quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

PASTORAGENTE COMO A GENTE

ESTA POSTAGEM FOI EXTRAIDA DO BLOG DE UMA PASTORA QUE SÓ CONHEÇO VIRTUALMENTE, PORÉM TENHO APRENDIDO A CADA DIA A AMAR. E COM A AUTORIZAÇÃO DA MESMA POSTO ESTE ARTIGO QUE MUITO ME ABENÇOOU, PASTORAGENTE , OBRIGADA POR EXISTIR E POR SE PERMITIR SER BOCA DE DEUS.VISITEM SEU BLOG: http://pastoragente.blogspot.com/

As garotas do púlpito.
Tenho um inconveniente grito de alma que nunca sabia a hora certa de calar a boca, mas busquei na escrita uma expressão, um espaço, um escape, um jeito, uma forma de bem estar, já que, pra mim, escrever tem efeito terapêutico...
Mantive esse Blog às ocultas por 1 ano, escrevendo de mim para mim...coisas do surto que tive em 2006/2007. Nessa época encontrei uma comunidade orkutiana PARA ESPOSAS DE PASTORES E PASTORAS (ou algo desse gênero).
Especialmente naquele dia eu me sentia "O" lixo pastoral, a porcaria das porcarias, precisando mais que tudo encontrar uma pessoa que me entendesse, nem que este ser estivesse nas Ilhas Galápagos.
Me enchi de esperança e comecei a ler, na expectativa de achar apoio e compreensão para as angústias que consumiam minha saúde emocional e física a cada instante.
Meo Deos, que decepcionante!
Era frustrante concluir a cada fórum que o lixo era eu mesmo, que eu não era boa o bastante para estar entre pessoas tão espiritualizadas e perfeitinhas!
Foi péssimo pra mim.
Tentei participar, perguntar, abrir meu coração sobre as muitas crises que estava sofrendo, mas à medida que lia as opiniões e respostas das garotas do púlpito, me sentia pior.
Tudo tão esquisitamente certinho, porcelanizado, bonito...a moderadora da comunidade só valorizava os posts das Rainhas do Jargão que defendiam implicitamente a tese:
UM TAPINHA NÃO DÓI, UM TAPINHA NÃO DÓI...
Senti raiva! Raiva de mim por não conseguir acompanhar nem de perto a postura daquelas figuras estóicas.
Me sentindo a escória da pastorada pensei em 2 possibilidades:

1-Ou eu era um desastre ambulante, uma negação, a antítese do chamado pastoral

OU

2-Aquelas mulheres estavam formatadas na listinha que dita as regrinhas de como ser uma mulher de Deus, onde é "muito importante":

*falar baixo*
*saber tocar piano*
*cuidar do departamento infantil*
*permanecer com cara de samambaia de plástico 24 horas*


Procurei apoio, mas encontrei receitas de bolo.
Procurei misericórdia, mas encontrei repostas ensaiadas.
Quis ouvir uma palavra, e me senti culpada.
Busquei alívio, porém me senti mais miserável ainda.
Minha alma sofria, gritava e berrava para aquelas mulheres:
ALGUÉM PELAMORDEDEUS, ME DIGA:
-EXERCER O MINISTÉRIO É ASSIM MESMO?
-A CAMINHADA PASTORAL É SOLITÁRIA PARA VOCÊS TAMBÉM?
-EU IA SENTIR A LÂMINA DO PUNHAL NAS MINHAS COSTAS UM DIA?
-COMO FOI A PRIMEIRA VEZ QUE SE SENTIRAM EM DÚVIDA?
-ESTOU PECANDO AO PENSAR EM DESISTIR?
-VOCÊS NÃO CHORAM NUNCA?
Mas ouvia nas entrelinhas:
"pssssssss.......s-i-l-ê-n-c-i-o......essas não são perguntas adequadas para uma boa esposa de Pastor."
Sabe de uma coisa?
Às favas com as perguntas adequadas, com o protótipo que todo mundo idealizou como modelo perfeito...às favas!!!
Eu só queria me sentir viva, me permitir ser gente, dizer "não quero" e nem por isso me achar um embuste.
Só queria poder dizer: "Não tenho resposta pra tudo!" , sem ser considerada menos espiritual.
Só desejava que me vissem como pessoa normal, cujas reações nem sempre tão britânicas, não me qualificavam uma sumidade em indignidade.
"QUERIA APENAS QUE O MINISTÉRIO PASTORAL
NÃO FOSSE PARA MIM UMA PEDRA DE TROPEÇO, MAS UMA ALEGRIA"
Todo esse processo me custou:

**quase 1 ano de terapia (nem ligo se vc concorda ou não, mas glória a Deus pela psicóloga que cuidou de mim)
**Uma looooonga reprogramação (que aliás, continua)
**Uma mudança profunda no comportamento e até na personalidade

Hoje estou bem melhor, mais equilibrada, menos mitificada para mim mesma, usando óculos à prova de mentiras teatrais a respeito do ministério pastoral.
Ainda me sinto meio culpada, pois a droga chamada perfeccionismo é invasiva demais, e o espectro de ação do antídoto é amplo, porém de ação gradativa.
Todo dia meu Médico reajusta minhas doses de Graçamicina, remédio do qual me tornei totalmente dependente.
Hoje eu tenho certezas das quais nenhuma "coleguinha de ministério" me demove mais.
Hoje eu tenho desencantos que foram benéficos para minha sobrevivência.
Última coisa:
Vai um apelo escancarado,
sem a intenção de generalizar,
mas que sirva pra quem servir:
Queridas mulheres do ministério, sejam Pastoras, esposas de Pastor ou afins, caiam das nuvens que gravitam em torno do seu título...se joguem dessas nuvens se for preciso.
Conheci muitas mulheres orgulhosas, requerendo honra, mas esquecendo que são apenas servas.
Vi outras vivendo sob o disfarce da resignação, levantando a bandeira "sou uma feliz esposa de Pastor!", talvez para disfarçar sentimentos de solidão, fracasso, desânimo, impotência, dúvidas...
Muitas estão adoentadas na alma, por acharem que precisam sustentar um modelo exterior à la Lady Di, mas lutam no íntimo como qualquer ser humano.
Eu fui cada uma dessas mulheres e hoje não sou nenhuma delas, sou só eu mesma.
Antes de rejeitar o que leu, se olhe no espelho e se pergunte:
TENHO SIDO O QUE FAZ O SENHOR E A MIM FELIZES,
OU O QUE TODOS ESPERAM DE MIM ?

8 comentários:

  1. Olá irmãs do Blog Mulher Cristã!
    Sou o administrador do Escrevendo de Tudo, e graças ao convite de vocês dei uma passadinha por aqui!
    Mto legal o trabalho de vocês, continuem assim!
    =]
    PaZZ de Cristo

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  2. Eitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa...
    Simplesmente, muito bom!

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  3. Paz querida
    Agradeço a visita no meu blog.

    Sim, sou sobrinha do Peres e irmã da Pastoragente. kk

    Como retribuição á sua visita já estou te seguindo.

    Parabéns pelo seu blog.

    Além de Peres sou também Moreno!! kkk

    Um abraço

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  4. Olá Ana, foi um prazer receber sua visita, espero que volte mais vezes. Confesso que não dei uma passeada decente por aqui ainda, mas no final de semana, vou passear e comentar.
    Deus abençoe.
    David Santos

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  5. Paz,querida Ana!
    Sabe, cada vez que vc escreve algo consegue transmitir o conteúdo de uma pessoa muito amorosa e doce.
    Também tenho aprendido a te amar em Cristo Jesus.
    Muito obrigado por ter colocado o post aqui e oro a Deus que mais mulheres sejam tocadas.
    Beijo grande.

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  6. Graças a Deus!!!!....pessoas de verdade.!!!..Aleluia!!!..
    Obrigada por visitar o meu blog, amei o seu.
    A começar pelo post maravilhoso.
    Eu entendo perfeitamente essa irmã, nossas experiencias são muito semelhantes, embora eu não seja esposa de pastor. Mas como cristã vivi isso de perto.Também faço terapia...e tomo uns remedinhos...mas descobri que eu sou de verdade, apenas um vaso de barro, rsrrs barro mesmo e minha Glória é o Tesouro..rsrsr
    Bjokas.

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  7. Vim retribuir, com um certo atraso, sua visita ao blog. Que Deus a abençoe!

    http://sal-dedentroprafora.blogspot.com

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  8. Que bom saber que não sofro sozinha.
    Sim a vida ministerial é extremamente solitária
    Muitas vezes quis desistir de tudo! Quis ter uma vida "normal", sem me preocupar se o ensaio do grupo de louvor foi bem, com quem parou de ir a igreja, se foi pra outra ou desistiu do Caminho. Cansei de chorar por problemas que não são meus, cansei de visitar, aconselhar, orar, amar e depois ver essa pessoa ir embora da igreja sem nem olhar para trás, isso pq uma, dias semanas antes te abraçavam e choravam no seu ombro dizendo o quanto amavam a sua vida e o quanto era importante na vida delas, cansei.
    Cansei, estou tão cansada que não sei se terei forças para mais um dia.
    Mas quando nasce o dia, lá estou eu de novo, visitando, fazendo os culto, ligando, procurando as pessoas, fazendo tudo o que estou tão cansada de fazer. E sabe porque? Não, não é pelo salário pastoral, pq tudo o que recebemos é uma ajuda de custo de combustível mais 500,00. Meu marido pastor, tem um emprego secular, pelo qual agradeço todos os dias a Deus por esse emprego.
    Acho que única coisa me faz continuar,mesmo sem querer, é que amo o Senhor de todo coração. E para mim dizer não ao chamado é dizer não à Ele, e isso eu não posso fazer. Não posso dizer não para o Senhor, pq o meu sofrimento é NADA comparado ao que Ele sofreu por mim. Eu simplesmente mesmo que queira, não posso parar, porque eu amo o Meu Senhor, e amo o seu povo, amo... Mesmo que me sinta desgastada, triste, sem forças.
    Desculpe o desabafo, mas precisava "falar" para alguém como me sinto.
    No amor de Cristo.
    Jacyhara.

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